domingo, 1 de junho de 2008

Sunday Bloody Sunday - U2

"Sunday Bloody Sunday" é a primeira música do álbum War, de 1983, da banda irlandesa U2. A música trata dos problemas entre as Irlandas, resultado dos conflitos entre Católicos e Protestantes, e da ação de grupos terroristas como o IRA. O título remonta aos episódios conhecidos como "Domingo Sangrento" na história dos dois países, o primeiro em 21 de Novembro de 1920 em Dublin, durante a Guerra da Independência da Irlanda, que levou à morte de mais de 30 pessoas; o segundo, em 30 de Janeiro de 1972, um incidente ocorrido em Derry, Irlanda do Norte, no qual 26 defensores dos Direitos Civis foram mortos pelo exército britânico.

As primeiras versões da música geraram muita controvérsia, e Bono, vocalista da banda, teve que lembrar várias vezes antes de começarem a tocar que esta "não era uma música rebelde". O baterista Larry Mullen Jr. disse uma vez que "Nós falamos da política das pessoas, nós não falamos sobre política. Como quando você fala sobre a Irlanda do Norte, "Sunday Bloody Sunday" as pessoas meio que pensam, 'Ah, aquele dia em que 13 Católicos foram assassinados por soldados britânicos... Não é disso que a música fala. Esse foi um incidente, o mais famoso incidente na Irlanda do Norte e é a maneira mais forte de dizer, 'Por quanto tempo mais? Quanto tempo ainda temos que aguentar isso?' Não me importa quem é quem - Católicos, Protestantes, que seja. Você sabe que pessoas estão morrendo todo dia por causa de ódio, e você diz por quê? Por que motivo? Há poucas bandas que dizem, 'por quê vocês simplesmente não baixam as armas?' Há muitas bandas escolhendo lados pra defender dizendo que política não presta, etc. Bem, e daí! A verdadeira batalha é que pessoas estão morrendo, esta é a verdadeira batalha."

A canção começa com uma batida que lembra a usada pra manter uma tropa no passo, e a torna facilmente reconhecível em qualquer show. Os versos, como "I can't believe the news today... I can't close my eyes and make it go away... How long, how long must we sing this song?" ("Não posso acreditar nas notícias de hoje... Não posso fechar os olhos e fazer tudo desaparecer... Até quando, até quando teremos que continuar cantando esta canção?") mostram a indignação com a violência na Irlanda. Mais pra frente, ela toma um rumo mais religioso, fazendo um paralelo entre esses dois Domingos e o Domingo de Páscoa ("The real battle just begun. To claim the victory Jesus won, on a... Sunday Bloody Sunday..." - "A batalha verdadeira acabou de começar. Reivindicar a vitória que Jesus teve, em um... Domingo, Domingo Sangrento...").

A versão que vocês podem ouvir aqui no blog foi gravada em 8 de Novembro (belo dia esse :P) de 1987, em Denver, EUA, e está no documentário Rattle and Hum. Bono chegou a dizer uma vez que a música "se tornou real" neste dia, e que provavelmente nunca mais a tocariam de novo por conta disso. Pra nossa sorte, eles voltaram a tocar depois de muito tempo, na turnê PopMart, em Sarajevo, em 1997, num show bastante marcante, em uma versão solo do guitarrista The Edge, e continuou a ser tocada assim no resto da turnê. Nas duas turnês seguintes, Elevation e Vertigo, ela voltou a ser uma das marcas registradas da banda.

Nessa versão, em especial, Bono faz um discurso no meio da música:

"E deixem-me contar uma coisa. Já tive o bastante de Irlandeses que moram nos EUA que não voltam pro seu país há mais de 20 ou 30 anos virem e me falarem sobre a Resistência, a revolução na sua terra natal... E a GLÓRIA da revolução... E a glória de MORRER pela revolução. Foda-se a revolução! Eles não falam sobre a glória de matar em nome da revolução. Qual a glória de tirar um homem de sua cama e atirar nele em frente de sua esposa e filhos? Qual a glória nisso? Onde está a glória de atirar bombas numa parada de pensionistas de terceira idade no 'Dia da Lembrança', com suas medalhas tiradas e polidas pro dia? Onde está a glória nisso? Deixá-los morrendo ou aleijados pela vida inteira ou mortos em nome da revolução, que a maioria das pessoas no meu país não querem."

E aí Bono começa, em todos os shows, a gritar junto do público "No More!" (Não mais!), um dos momentos mais intensos de cada show da banda, conhecida por realizar inúmeras versões ao vivo inesquecíveis.

Na turnê Vertigo, a banda começou a usar como campanha durante a música a palavra Coexist, escrita com símbolos de 3 religiões diferentes: a Lua crescente, do islamismo; a estrela de David, do judaísmo; e a cruz, do cristianismo, tornando a canção definitivamente uma forma de protesto universal contra a violência, como os membros da banda queriam inicialmente.

"Sunday Bloody Sunday" foi escolhida em 2004 pela revista Rolling Stone como uma das 500 melhores músicas de todos os tempos (268ª), uma das 6 músicas de U2 a entrarem na lista (as outras foram One, With or Without You, Pride (In the Name of Love), I still haven't found what I'm looking for e New Year's Day, esta última também do álbum War). Seu clipe pode ser visto no youtube, uma versão ao vivo em 1983, em meio a chuva e tochas acesas no alto do palco, com Bono cantando parte da música segurando uma bandeira branca. Esse dia foi eleito, também pela Rolling Stone, um dos 50 momentos que mudaram a História do Rock and Roll.

Pra quem quiser, a letra da música está em http://letras.terra.com.br/u2/385206/ e a tradução, em http://letras.terra.com.br/u2/69425/ .

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